Escrita ex-perímetral.

Firo o papel, com meu lápis tiro de letra, bang, o mineral encontra o papel vegetal. Escrita fluida é como água, é só para matar a seda, por isso a trago pra junto do meu café, combustível fácil de fazer ideia. Por vezes me perco, mas é assim que é escrever por escrever, per come por vezes tentadas, tentadas erradas e certeiras. Como as julgo? Por instintos que foram meus erros aos poucos que entenderam a melodia, fluindo como café em mim.

Fragmento de dia.

Prestes a se restaurar, o hábito de ingerir café se revela ao público pelo meu andar certo rumo à balconista. Meus passos são alguns dos muitos que precisei executar durante a manhã, a cadência respeita a moral do local, numa velocidade média as de muitas outras instituições.
Dois reais em metal são extraídos do fundo de um dos compartimentos da carteira, em seguida a fecho gozando do estralo do botão. A regularidade na mudança dos valores torna desnecessário averiguar a tabela de preços. Sobra-me tempo para conferir se sou eu ou o caixa quem recebe atenção. O caixa ganha e torna visível o motivo da segunda contratação, que me atende chamando por "moço". Peço o café e fito seus olhos cansados da vida, já mortos não me dizem nada, se não são seus gestos rumo a outra máquina, talvez eu repetisse o pedido. - L.C.M.

O texto segue a linha.

Só tu, medíocre, faz parte da trama!
É preciso ter valores para para ver o justo e o injusto,
compartilhar a luta fazendo uso da carne dos homens.
Não ser capaz de transcender,
não ser imparcial.
É preciso não saber o que se está fazendo,
matar o amado e se arrepender.
O que é o valor se não o choro ou o grito?
Todo resto é irrelevante, não há adiante quando tudo é caminho,
por isso estar fadado aos valores é o que faz o ser humano. - L.C.M.

O primeiro hiato desde o nascimento.

Somos pó que o vento leva, organismos guiados por instinto, sujeitos à língua dos homens, fruto do passado e como tais impedidos de sermos agora algo diferente do que somos, passivos à nossa origem, continuando passivos até nos perguntamos sobre o sentido da vida. Sim! Somente até nos perguntarmos sobre o sentido da vida! No entanto, acrescento que perguntar sobre o sentido da vida não é uma pergunta, é uma condição, condição onde não há perguntas só cursos de ação, ilusórios em sentido real e reais como ilusão. É o estado que nos coloca de frente para nossa história diante da história das outras coisas. Nele é preciso que as perguntas, antes gatilhos para respostas certeiras, sejam artefatos de nossa vida em terra, quando ainda fazia sentido respondê-las. - L.C.M.